quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Teatro de revista

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Josephine Baker numa revista francesa
Josephine Baker numa revista francesa

A Revista é um género de teatro, de gosto marcadamente popular, que teve alguma importância na história das artes cénicas, tanto no Brasil como em Portugal, que tinha como caracteres principais a apresentação de números musicais, apelo à sensualidade, à comédia leve com críticas sociais e políticas, e que teve seu auge em meados do século XX.

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[editar] Em Portugal

Em termos gerais, consta de várias cenas de cariz cómico, satírico e de crítica política e social, com números musicais. É caracterizada também por um certo tom Kitsch - com bailarinos vestidos de forma mais ou menos exuberante (plumas e lantejoulas), além da forma própria de declamação do texto, algo estridente. Algumas revistas marcaram épocas - no Estado Novo português, por exemplo, o espectáculo de revista conseguia passar mensagens mais ou menos revolucionárias e de crítica ao regime vigente. Estão nessa situação algumas revistas protagonizadas, por exemplo, por Raul Solnado, no Parque Mayer - a "catedral da revista à portuguesa".

[editar] Ver também

[editar] No Brasil

O Teatro de Revista no Brasil, também chamado simplesmente "Revista", e com produção das companhias como as de Walter Pinto e Carlos Machado, foi responsável pela revelação de inúmeros talentos no cenário cultural, desde a cantora luso-brasileira Carmem Miranda, sua irmã Aurora, às chamadas vedetes de imenso sucesso como Wilza Carla, Dercy Gonçalves, Elvira Pagã e outras - na variante conhecida como Teatro rebolado - e compositores do jaez de Dorival Caymmi, Assis Valente, Noel Rosa, etc.

[editar] Histórico

Desenho de Agostini, de 1884, representando uma atriz de Revista a desfilar no Carnaval.
Desenho de Agostini, de 1884, representando uma atriz de Revista a desfilar no Carnaval.

Seu início remonta a 1859 quando, no Rio de Janeiro, foi apresentada a peça "As Surpresas do Sr. José da Piedade", de Justiniano de Figueiredo Novaes, baseado nas operetas que então se apresentavam em França. O modelo carregava nas paródias e críticas de costume. E, como não poderia deixar de ser, sofriam críticas dos moralistas.[1]

A Revista brasileira pode ser dividida em 3 fases distintas[2]:

  1. A Revista do século XIX, que prende-se mais no texto que na encenação; tem seu ápice na obra de Artur Azevedo. A cada ano eram apresentadas revistas comentando os fatos do ano anterior, numa retrospectiva crítica e bem-humorada. No coro, acompanha uma orquestra de cordas.
  2. Década de 20 e 30 - com incorporação da nudez feminina (introduzida pela companhia francesa Ba-ta-clan). A orquestra cede lugar a uma banda de jazz. Seu maior nome é o empresário teatral Manoel Pinto. As peças têm destaque igual para as paródias e para a encenação.
  3. Féerie - Realce para os elementos fantásticos da peça; Walter Pinto substitui, em 1938, a seu pai. Surgem as companhias. As apresentações tornam-se verdadeiros espetáculos, onde o luxo está presente em grandes coreografias, cenários e figurinos. Tornando-se cada vez mais apelativa, começa a decair, até praticamente desaparecer, no final dos anos 50 e começo da década seguinte.

[editar] Bibliografia

  • VENEZIANO, Neyde. O teatro de revista. In: O Teatro Através da História. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1994. vol. 2.

Notas e referências

  1. A profissão de atriz, no Brasil de então, era quase sinônimo de prostituta; foi neste sentido que o trocadilho atribuído a Emílio de Meneses dizia, reclamando de três mulheres que tagarelavam muito algo, no cinema: "atriz atroz, atrás há três"; também a "Revista Ilustrada", do caricaturista Angelo Agostini, procedeu a uma defesa do Teatro de Revista, mostrando que aqueles seus mesmos críticos não hesitavam em, durante o Carnaval, juntar-se àquelas cujas exibições diziam nocivas à boa moral [1]
  2. Enciclopédia Itaú Cultural, com base no trabalho de Neyde Veneziano (vide a subseção Para saber mais)

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