segunda-feira, 25 de agosto de 2008

De: jeyne stakflett
Para: DIONISIO NETO
Data: 25/08/2008 22:52
Assunto: PESQUISA SOBRE MARCHINHAS DE CARNAVAL
Veja também Antônio Almeida no especial Marchinhas de Carnaval.
Veja também as letras de Braguinha, Benedito Lacerda, Marchinhas De Carnaval, Carmen Miranda, Ary Barroso, Chiquinha Gonzaga, Chacrinha, João Roberto Kelly, Caetano Veloso e Carlos Mendes.


Veja também as letras de:

Lamartine Babo »Joujox E Balagandãs
João Roberto Kelly »Cabeleira do Zezé
Antônio Almeida »Chik Chik Bum
Carmen Miranda »Mamãe Eu Quero
Noel Rosa »Pastorinhas
Chacrinha »Bota Camisinha
Benedito Lacerda »A Jardineira
Chiquinha Gonzaga »Abre Alas
Moacyr Franco »Me Dá Um Dinheiro Aí
Rubens Campos »Está Chegando a Hora

Braguinha [João de Barro]

Braguinha

Foto: Mário Luiz Thompson

Filho do gerente da fábrica de tecidos Confiança, Carlos Alberto Ferreira Braga começou a cantar numa época em que os moços de família não podiam viver de música. Primeiro no grupo amador A Flor do Tempo com os colegas de bairro (Alvinho, Almirante e Henrique Brito) e a seguir, já profissionalizado, ao lado de certo Noel de Medeiros Rosa, no Bando dos Tangarás, em que todos adotaram convenientes apelidos ornitológicos. O de Braguinha, João de Barro, pegou nas primeiras gravações como intérprete, em 1931 (Cor de Prata, Minha Cabrocha, de Lamartine Babo) e foi usado durante muito tempo pelo compositor de sucessos como os inaugurais Trem Blindado e Moreninha da Praia, no carnaval de 1933.

A partir daí, mesmo sem conhecimentos formais de música, compondo na base do assovio, ele se transformou num campeão da folia, especializado em marchinhas, como Linda Lourinha, Uma Andorinha Não Faz Verão, Linda Mimi, Dama das Camélias, Cadê Mimi, Balancê (que redobraria o sucesso na regravação de Gal Costa, quarenta e dois anos depois), Andaluzia (recriada por Maria Bethânia), Pirata da Perna de Pau, China Pau, Chiquita Bacana (que projetou Emilinha Borba), A Mulata É a Tal, Tem Gato na Tuba, Adolfito Mata-Mouros (sátira a Hitler) e o misto de paso doble Touradas em Madri, cantado por um Maracanã em festa na goleada do Brasil sobre a Espanha, na fatídica Copa de 50.

Participou como diretor e roteirista de filmes como Estudantes (1935), Alô, Alô, Carnaval (1936), Banana da Terra (1938) e Laranja da Terra (1940). Nessa época, começou a trabalhar como diretor artístico da gravadora Continental, onde projetou nomes como Radamés Gnattali, Tom Jobim (sua Sinfonia do Rio de Janeiro, parceria com Billy Blanco foi gravada duas vezes), Lúcio Alves, Dick Farney, Doris Monteiro, Tito Madi, Nora Ney, Jorge Goulart e Jamelão. Em 1937, a cantora Heloísa Helena pediu-lhe uma letra para um choro-canção instrumental de Pixinguinha e nasceu o hino Carinhoso. Da mesma forma que modificou Linda Pequena de Noel Rosa para As Pastorinhas, que se tornaria um clássico póstumo do poeta da Vila, Braguinha (com parceiros como o médico Alberto Ribeiro) cunhou o manifesto pré-tropicalista Yes, Nós Temos Bananas (resposta ao fox americano Yes, We Have No Bananas).

Fez ainda tanto o samba-canção de inspiração rural (Mané Fogueteiro, emblemático na voz de Augusto Calheiros, a Patativa do Norte) quanto urbano-modernista como Laura e Copacabana, cuja gravação, de Dick Farney, em 1946, com arranjo de cordas de Radamés Gnattali, seria considerada precursora da bossa nova. Apimentando suas composições à medida que mudavam os costumes (Vai com Jeito, Garota de Saint-Tropez, Garota de Minissaia), ele também arquitetou com delicadeza a mais impressionante coleção de discos infantis, aclimatando para o Brasil histórias da Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Alice no País das Maravilhas, além de recuperar inúmeras cantigas de roda. Nonagenário com espírito de criança, Braguinha é um retrato cantado da alma jovial do Rio de Janeiro dos melhores tempos.

Tárik de Souza
A História da Música Brasileira Por Seus Autores e Intérpretes
SESC/TV Cultura

Escute uma amostra do trabalho:
Tem gato na tuba
(João de Barro)
Com João de Barro

Atenção: para ouvir a amostra você precisa do RealPlayer (gratuito) instalado em seu computador. Pegue-o na seção de informática do Terra, clicando aqui.


CDs Recomendados pelo MPBNet:
A Música Brasileira Deste Século por seus Autores e Intérpretes

Braguinha: 100 Anos de Alegria
Coleção Disquinho 2005 Vol. 1
Coleção Disquinho 2005 Vol. 2
Coleção Disquinho 2005 Vol. 3
Coleção Disquinho 2005 Vol. 4
Coleção Disquinho 2005 Vol. 5
Nova Série: Disquinho Vol. 1
Nova Série: Disquinho Vol. 2

Clique nos CDs para comprá-los


Livros recomendados pelo MPBNet:
Tem Gato na Tuba
A História da Baratinha
Braguinha Songbook
Braguinha (João de Barro)

Clique nos livros par comprá-los

Página Oficial:
http://braguinha.ag.com.br

Outras Páginas:
http://www.cliquemusic.com.br

http://www.dicionariompb.com.br


A estrela d'alva
No céu desponta
E a lua anda tonta
Com tamanho esplendor
E as pastorinhas
Pra consolo da lua
Vão cantando na rua

Lindos versos de amor

Linda pastora
Morena da cor de Madalena
Tu não tens pena
De mim que vivo tonto com o teu olhar
Linda criança
Tu não me sais da lembrança
Meu coração não se cansa
De sempre e sempre te amar



Lourinha, lourinha
Dos olhos claros de cristal
Desta vez em vez da moreninha
Serás a rainha do meu carnaval

Loura boneca
Que vens de outra terra
Que vens da Inglaterra
Ou que vens de Paris

Quero te dar
O meu amor mais quente
Do que o sol ardente
Deste meu país

Linda loirinha
Tens o olhar tão claro
Deste azul tão raro
Como um céu de anil
Mas as tuas faces
Vão ficar morenas
Como as das pequenas

Deste meu Brasil



Eu fui ás touradas em Madri
Para tim bum, bum, bum
Para tim bum, bum, bum
E quase não volto mais aqui
Para ver Peri beijar Ceci
Para tim bum, bum, bum
Para tim bum, bum, bum

Eu conheci uma espanhola natural da Catalunha
Queria que eu tocasse castanhola
E pegasse o touro à unha
Caramba, caracoles, sou do samba
Não me amoles
Pro Brasil eu vou fugir


Vai com jeito vai

Se não um dia a casa cai (menina)

Se alguém te convidar
Pra tomar banho em Paquetá
Pra piquenique na Barra da Tijuca
Ou pra fazer um programa no Joá
Menina...


Braguinha, 1956
Que é isso é conversa mole para boi dormir

Para tim bum, bum, bum
Para tim bum, bum, bum


Braguinha, 1933



A canoa virou,
Deixa virar,
Por causa da menina,
Que não soube remar.
(bis)

Menina, larga o remo,
Pula n'agua marujada,
Pula n'agua, pula n'agua, pula n'agua,

Pula n'agua, pula n'agua, pula n'agua,


Yes, nós temos bananas
Bananas pra dar e vender
Banana menina
Tem vitamina
Banana engorda e faz crescer

Yes, nós temos bananas
Bananas pra dar e vender
Banana menina
Tem vitamina
Banana engorda e faz crescer
Vai para a França o café, pois é
Para o Japão o algodão, pois não
Pro mundo inteiro
Homem ou mulher

Bananas para quem quiser

Meu coração não sei por que
Bate feliz Quando te vê.........
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo..
Mais mesmo assim..foges de mim...

Meeu coração não sei porque

Bate feliz Quando te vê.........
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo..
Mais mesmo assim..foges de mim...

Ah se tu soubesses como eu sou
Tão carinhoso e muito..muito
Que te quero....E como é sincero

Meu amor...Eu sei que tu não
Fugirias..Mais de mim........
Vem....Vem...Vem...Veeeem..
Vem sentir o calor dos lábios
Meus a procura dos teus....
Vem matar essa paixão....
Que me devora o coração...

Só assim então serei feliz...
Bem..............Feliz.............

Ah se tu soubesses como eu sou
Tão carinhoso e muito..muito
Que te quero....E como é sincero
Meu amor...Eu sei que tu não
Fugirias..Mais de mim........

Vem....Vem...Vem...Veeeem..
Vem sentir o calor dos lábios
Meus a procura dos teus....
Vem matar essa paixão....
Que me devora o coração...
Só assim então serei feliz...
Bem..............Feliz.............



ARY BARROSO

http://www.arybarroso.com.br/sec_vida.php?language=pt_BR
http://www.samba-choro.com.br/artistas/arybarroso


A "Casta Suzana"

Ary Barroso

Composição: Ary Barroso / Alcir Pires Vermelho

Será você a tal Suzana !
A Casta Suzana...
Do posto Seis ?...
Coitada !
Como está mudada !...
Teve "apendicite"
E ficou sem "ite"...
Quando conheci Casta Suzana,
Nas areias de Copacabana...
Era namorada de um "Chinês"
Mas olhava assim pra um "Japonês"

Taí !
Deu-se a confusão :
Estourou a guerra,
China com Japão !
Será, será, será.

Amar (ou: Mentira de amor)

Ary Barroso

Composição: Ary Barroso - 1937

Em teu olhar tão meigo
Em teu sorriso sedutor
Em teu porte sereno
Em teu jeitinho encantador
Eu resumi, querida
Toda felicidade
O bem da minha vida
Eis a pura verdade
Agora só espero
Merecer o teu amor
Porque teu coração
Do meu já é real senhor
E juntos pelo mundo
Havemos de viver
Sem nada que perturbe
Nosso amor, podes crer.

Amar é transformar as penas em sorriso!...
Amar é transformar o inferno em paraíso!...
O amor embala a vida quando é puro,
O amor conduz à morte se é perjuro!...
Eu quero ser feliz - serei um dia!
Eu quero ser amado - serei um dia!...
Porém, amado com toda sinceridade...
Mentira de amor, não é amor, é falsidade!...


Letras de Ary Barroso


CHIQUINHA GONZAGA

http://www.chiquinhagonzaga.com/
TRIGUEIRA

Trigueira, que tem?
Feia, com essa cor, te imaginas?
Tu que assim fascinas
Com um só olhar dos teus!
Que ciúmes tens da alvura
Desses semblantes de neve
Ai, pobre cabeça leve!
Que te não castigue Deus!

E suspiras e murmuras...
Que mais desejavas, linda?
Pois serias tu mais linda
Se tivesses outra cor?

Trigueira, se tu soubesses
O que é ser assim trigueira
Dessa ardilosa maneira
Porque tu o sabes ser
Não virias lamentar-te
Toda sentida e chorosa
Tendo inveja à cor da rosa
Sem motivos para a Ter!

Trigueira, onde mais realça
O brilhar duns olhos pretos
Sempre úmidos, sem inquietos
Do que numa cor assim?
Onde o correr duma lágrima
Mais encantos apresenta?
E um sorriso, um só, nos tenta
Como se tentou a mim?

Trigueira! Vamos, esconde
Esse choro de criança
Ai, que falta de confiança!
Que ardilosa timidez!
Enxuga os lindos olhos
Então, não chores, trigueira
E nunca mais dessa maneira
Te manentes outra vez!


A PARTIDA DO TROPEIRO

Companheiros, toca avante!
Vamos todos a barandar
A corte fica distante
Temos muito que trotar
Vou selar o meu fouveiro
Que está farto de pastar
Com esse burro motroqueiro
Tenho contas que ajustar
(sem mais tardar, sem mais tardar)

Vinte léguas bem puxadas
Temos hoje que fazer
Se há poeira nas estradas
É sinal que vai chover
Então secos os regatos
Está seco o riachão
Mas há cheiro pelos matos
Que faz bem ao coração
(ao coração, ao coração)

toca avante, benedito!
Vai lança o burladês
Esse burro, esse maldito
Não me escapa desta vez
Chama o Zé do Burandaco
E tu monta no Baião
Vai pegar-me esse velhaco
Esse cabra, esse ladrão
(burro ladrão, burro ladrão)

Esse burro tem má copa
Tem talento pra valer
Sabe quando parte a tropa
Vai nos matos se esconder
Tem rabicho pela terra
Esse denga malandrão
E se sobe para a serra
Ninguém hoje põe-lhe a mão
(não põe a mão, não põe a mão)

mas se não for encontrado
há um meio de o bispar
o maroto é cotubado
mas não pode me enganar
vão pedir ao João Toureiro
sua égua de montar
e verão como o matreiro
vem à corda se entregar
(vem se entregar, vem se entregar)

Acho justo Zé Corame
Razoável, natural
Que o bichinho também ame
Esta terra que é natal
Mas sou fero quando cismo
Sou cotuba, sou ferrão
Não há cá patriotismo
Quando chega a precisão
(pois não, patrao! pois não, patrao!)

Eu também falo a verdade
Quando deixo este sertão
Sinto logo uma saudade
Me espinhando o coração
Mas pra falar com franqueza
O burro sabe pensar
Porque ele tem certeza
De nunca mais cá voltar
(não mais voltar, não mais voltar)

vamos, vamos Chico Pia
Murcha a flor do embiruçu
E quando for meio-dia
Devo estar em Pajeú
E tu Florêncio Cachola
Manda o cargueiro a boiar
Põe-me as cordas na viola
Que é tempo de caminhar
(de caminhar, sem mais tardar)


TAVA ASSIM DE PORTUGUÊS

Sob um céu puro de anil
O meu Brasil
Era um paraíso aberto
Té que um dia um estrangeiro
Aventureiro
Veio olha ele de perto!

E num pau de bananeira
A bandeira
Lusitana ele plantou
Meu Brasil desde esse dia
Que agonia
Teve o seu descobridor!

Com três pena de urubu
E o resto nu
Nós vivia pelas arve
E ninguém tinha receio
Bem o sei-o
Nem dum tá Roque Gonçarve!

E Cabrá que era Almirante
Comandante
Trouxe cem de uma só vez
Quando a gente quis gritá
Quis estrilá
Tava assim de português!

Nunca mais tranqüilidade
Na cidade
Teve os filho do país
Cada um que aqui sartava
Carregava
Com a sua muié dos infeliz!

É por isso que nós grita
Nós apita
Contra esses português
Queque aqui chega e arrebata
As mulata
Pra sortá no fim do mês!


D. ADELAIDE

Dona Adelaide ao levantar a sai
Faz tremeliques por mostrar a meia
Meia de seda e de bordados cheia
Saia com renda alva de cambraia

Diz que mostrar à sua pífia aia
A qual sobre ela com fervor gorjeia
E diz que a andar se bamboleia
Somente por inflamar mais essa raia

Numa tarde chuvosa e enlameada
Sobre o pezinho, a meio, saltitando
Vinha a meia e a saia mostrando
Seguida de faceira passarada

Eis que escorregava, tomba sobre a amiga
À qual, ao levantar-se toda encalistrada
Ó céus, dona Adelaide, a bela fada
A meia mostra até...depois da liga!


RODA IAIÁ

Ioiâ, meu bem, o que que é isso?
Quer modo de olhar pra gente!
Coitado, que eu tenho feitiço
Que aparece de repente

Em tudo sou decidida
Tenho sangue com fartura
Ai ioiô, e se duvida
Ponha água na fervura!

Que eu sou de foto
Que eu sou de brasa
Roda ioiô, já, já pra casa!

Na boca tenho perfumes
Da mais bela flor do prado
Gostou de mim, tem ciúmes
Roubou-me um beijo, é queimado!

Se me abraça, ai que perigo!
É mais que certo, morreu
Ioiô, não mexa comigo
Eu peço por amor do céu


SÁ ZEFERINA

Eu não sei por que te amei Sá Zeferina
E por que foi que eu te encontrei, madita sina!
É tão forte esta paixão, é tão infrene
Que eu pareço um lampião de crerosene!

A sua cor amorenada inté parece
Com o moreno da cocada, que endoidece!
Eu me sinto desgraçado, ai podes crer
Porque eu vivo apaixonado por vancê!

Seu cantor da madrugada vancê me disse
Tanta coisa apaixonada, ai que tolice!
E eu não sei arrespondê, pru Deus que não
Proque vou comprometê meu coração!

Eu não sei por que te amei Sá Zeferina
Pro que foi que eu te encontrei ali na esquina!
Queima os nossos corações de amor perene
Semos dois, dois lampião de crerosene!


CORTA-JACA

Neste mundo de misérias
Quem impera
É quem é mais folgazão
É quem sabe cortar jaca
Nos requebros
De suprema, perfeição, perfeição

Ai, ai, como é bom dançar, ai!
Corta-jaca assim, assim, assim
Mexe com o pé!
Ai, ai, tem feitiço tem, ai!
Corta meu benzinho assim, assim!

Esta dança é buliçosa
Tão dengosa
Que todos querem dançar
Não há ricas baronesas
Nem marquesas
Que não saibam requebrar, requebrar

Este passo tem feitiço
Tal ouriço
Faz qualquer homem coió
Não há velho carrancudo
Nem sisudo
Que não cia em trololó, trololó

Quem me vir assim alegre
No Flamengo
Por certo se há de render
Não resiste com certeza
Com certeza
Este jeito de mexer

Um flamengo tão gostoso
Tão ruidoso
Vale bem meia-pataca
Dizem todos que na ponta
Está na ponta
Nossa dança corta-jaca, corta-jaca!


MACHUCA

Sou morena bonita e galante
Tenho raios e setas no olhar
E nem pode uma lira de Dante
Os encantos que venho cantar
Quando passam os bilontras me olhando
De binóculo erguido com ardor
Dizem todos se bamboleando
Abrasados em chamas de amor

Ai morena, morena querida!
Tu nos pões a cabeça maluca (est.)
Pisa e mata, destrói esta vida
Ai, morena, morena, machuca!

Eu machuco deveras a todos
Até fico contente por isso
Ao fitá-los eu os deixo por loucos
Pois fitando-os lhes deito feitiço
Sou morena que quando passeio
Deixo cauda de luz como um astro
E uma récua de gente que veio
Me dizendo, seguindo o meu rastro:

Estes fogos que tenho nos olhos
E que têm até Dom de encantar
São na vida, no mundo, os escolhos
Onde os peitos se vêm quebrar
Mas a culpa não é, não é minha
É de todos que vêm com ardor
Me julgando dos céus a rainha
Me dizer abrasados de amor:



CORA

Teu olhar tem um mistério
Que eu não posso interpretar
Teu olhar é um cemitério
Todo cheio de luar
Quando em doce ansiedade
São as cruzes da saudade
Tens um ato de maldade
Mas tens... do cantor

Amo ouvir teus lábios rubros
Ternos lábios de coral
Como anjo do sepulcro
Junto à cruz a soluçar

Dá-me a calma do teu canto (pranto)
Sê que estás em campo santo
Sob o teu olhar (teu) repousa
Marmórea lousa desse amor

Quando a tua mão descansa
Contemplado a palitar
É que cheio de esperança
Que me vejo a contemplar


SOU MORENA

Sou morena
Sou morena como quê!
A mais leve, a mais faceira
Que já tem pisado aqui
(que já tem pisado aqui)
Meu riso de tudo zomba
Esquiva sou como a pomba
Como a pomba juriti
(como a pomba juriti)

Sou mais leve
Sou mais leve do que a espuma
Mais doce que a sapoti!
(mais doce que a sapoti!)
Quando nas dobras eu chego
Há furor, desassossego
Para ver a juriti
(para ver a juriti)


PARÓDIA SOBRE A CANÇÃO
CASA DE CABOCLO

Vancê conhece o palacete
Do catete
O mais rico do país?
É lá dentro soberano
Há três ano
Dotô Washingtão Luís

Tem salão e tem salinha
Bonitinha
Um jardim cheio de flô
Nas recepução de gala
Aquelas sala
Fica ansim de engrossadô

Frarta somente um ano e meio
Eu bem o sei-o
Para o dono se mudá
Qué pro ali fazê seu ninho
Seu Toninho
Que é de Minhas maiorá

Mas seu Julinho que é paulista
Tem as vista
Nessa mesma habitação
É amigo do barbado
Tá cotado
Pra vencê nas ileição

E o Tonico tem o queijo!
O seu desejo
Qué cumpri dê no que dé
Mas o tá de seu Julinho
de mansinho
vai pagando pro café

Um deles dois tem que ir-se embora
Dando o fora
Pra que tudo acabe em paz
Pru móde de que no palacete
Do Catete
Um é bom, dois é ... demais!



OS NAMORADOS DA LUA

É meia-noite, desperta!
Acorda gentil morena
Sem vestido, lenço ou touca
Vem que a noite está serena

A lua brilha
Bons cidadões!
Adormecei, adormecei!
E vós donzelas
Meigas e belas
Pra nós correi, correi

É meia-noite, desperta!
Acorda gentil senhora
Deixa a cama sem receio
Que teu esposo dorme agora!

A lua brilha
Bons cidadões
Adormecei, adormecei
E vós senhoras
Algumas horas
Pra nós correi, correi


LUA BRANCA

Ó lua branca de fulgores e de encanto!
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
Vem tirar dos olhos meus o pranto
Ai, vem matar esta paixão que anda comigo!

Ai por que és, desce do céu, ó lua branca!
Essa amargura do meu peito, ó vem arranca!
Dá-me o luar da tua compaixão
Ó vem, por Deus, iluminar meu coração!

E quantas vezes lá no céu me aparecias
A brilhar em noite calma e constelada!
A sua luz então me surpreendia

Ajoelhado junto aos pés da minha amada!

E ela a chorar, a soluçar cheia de pejo
Vinha em sues lábios me ofertar um doce beijo
Ela partiu, me abandonou assim
Ó Lua branca, por que és, tem dó de mim!


CORTE NA ROÇA

Esse teu leque formoso
De luz e perfume cheio
É o beija-flor cauteloso
A esvoaçar em teu seio!
Este calor que tu sentes
Que te escalda o coração
São os sintomas ardentes
De uma impetuosa paixão

Ah! Ah! São os sintomas ardentes
Ah! Ah! De uma impetuosa paixão

Este sorriso que enflora
Que apúrpura os lábios teus
É um réstia da aurora
De outro azul e de outros céus!
Há no teu colo tremente
O mesmo encanto da flor
Guarda este leque esplendente
Meu primeiro e santo amor!

Meu coração não se acalma
Não cessa de te adorar
Deixa abrasar a minh'alma
Nas chamas de teu olhar!
Não temas, não há perigo!
Por que te assustas, meu anjo?
Leva minh'alma contigo
Solta as tuas asasa, arcanjo!


CASA DO PAULISTA

Vosmicê diz que sabe tudo
E fica mudo
E assuntano no país
E nos brasis que há três ano
É soberano
Sô dotô Óoxinton Luis

É no fremoso palacete
Do catete
Vosmicê nunca viu a cô
Nem oiô tar frumigueiro
Traiçoeiro
Dos engrossa-aduladô

Pruquê farta um ano e meio
De entremeio
Para o só se arretirá
E lá de Minas choca o ninho
Seu Tonihho
O maió que manda lá

A tar casa é dos paulista
Que têm crista
Vencedô nas ileição
E em caminho virá preste
Dotô Júlio Preste
Que é amigo do chefão

Lá na casa do paulista
Tá na lista
E nenhum bota seu pé
E o mineiro tem seu leite
Que deleite!
Os paulsta têm café

Na sacola dois proveito
Nun dá jeito
E atrapáia de espantá
Pois na casa do paulista
Que tem crista
Um sozinho há de mandá!


BAIANA DOS PASTÉIS

Sou baiana queria dos moços
Na procura não tenho rivais
Quando eu passo por eles eu ouço:
Coração não me diz pra onde vais?
Vou seguindo batendo as chinelas
Que se leve se agregam a meus pés
Vão então se abrindo as janelas
Vou vendendo sem medo os pastéis

Ao comer d'angu saboroso
Com bastante pimenta pra ver
Com bastante pimenta pra ver
Cousa nobre, fina, apetitosa
Com a linguinha de fora a mexer
Com a linguinha de fora a mexer

E a baiana pra Ter freguesia
Dorme cedo e bem antes do sol
Não se pode deixá a Bahia
Da pimenta que esquenta o Farol
Nessa mundo só...me orgulho
Tudo isso foi feito pra mim
Eu não bambo, não faço barulho
Faço...meu Senhor do Bonfim

Se na massa me dizem que acerto
Isso creia que disso não creio
Pois se alguém...de perto
Deste mundo esqueci o recheio
No trabalho não morro de inveja
Sou feliz e é pra todos...
Se não der na ...da igreja
Que forrei com o meu tabuleiro


O NAMORO

Ver-se a moça que se gosta
Namorá-la com capricho
Fazer-se com que ela tenha
Pela gente o seu rabicho

É regalo que embriaga
É prazer que vem do céu (est.)
Sensação encantadora
De se tirar o chapéu (ai)

Receber sua cartinha
Com promessas de entrevista
Ter-se a mais pura certeza
De se Ter feito a conquista

Pedir depois um só beijo
Com ternura, com amor
E dos lábios nacarados
Sentir a gente o calor

Quando a coisa estiver feia
E falar-se em casamento
Fugir-se então com o corpo
Com finura e com talento


LUA DE FULGORES

Ó lua-cheia de fulgores e de encanto!
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
Vem enxugar dos olhos meus o pranto
Ó vem guardar está paixão que vai comigo!

Ai, por quem és, desce do céu, ó lua branca!
Tira esta mágua de meu peito, arranca!
Daí-me o luar da tua compaixão
Ó vem, por Deus, iluminar meu coração!

Ai, quantas vezes se no céu me aparecias
Toda a brilhar em noite calma, constelada...
Ai, quantas vezes tu me surpreendias
Ajoelhado junto aos pés de minha amada!

Ó Lua cheia, por que és, tem dó de mim!
Vem a meu lado, tenha pena, sim
Daí-me o luar de tua compaixão
Ó Vem, por Deus, iluminar meu coração!

Ó lua cheia de fulgores e de encanto
Vem a meu lado me matar esta saudade
Enxugar dos olhos meus o pranto
Ó vem, por Deus, me matar esta paixão!


CHINELINHA DO MEU AMOR

A chinelinha do meu amor
É tão cheirosa!
Só cheia à rosa
Só cheira à flor

No terreiro
Em que dança o baião
Abre-se a rosa
Cheirosa em botão
Se ela sacode
Os cabelos de cetim
Fica a noite
Mais cheirosa que o jardim


FADO DOS DESEJOS

O teu corpo é um jardim
Onde vivem lindas flores
Teus olhos dizem amores
O teu busto é um jasmim
Mais bela que um querubim
Pões a gente vária e louca

Um beijo teu me sufoca
Teu sorriso é de matar
Tu tens um lírio no olhar
Tu tens um cravo na boca

O pincel dum artista
Retratará fielmente
Este teu rosto dormente
Teus olhos cor de ametista
Junto a ti vai-se-me a vista
Toda a minha alma se encanta

Tens as faces de uma santa
Teus cabelos fulgentes
Tens uma rosa nos dentes
Com a raiz na garganta

Esse olhar com que delira
Faz-me delicioso amor
Eu sou o teu trovador
Por ti padeço e suspiro
Faz-me cruentos desejos

Teus olhos têm tais lampejos
Que assemelham dois faróis
São raios de dois sóis
Quem tos arrancará a beijos?


SACI PERERÊ

Lá no alto da montanha
Nasce o sol todo encarnado
Minha amizade é tamanha
Que me faz cair no fado

Quebra, quebra gente boa
Quebra, quebra até morrer (coro)
Quem não dança é gente à toa
Isto é só pra moer

Dance primeiro o fado
A cumadre, que é segura
Só fica sossegado
Quem tiver a perna dura

Ô, seu velho sacudido
Puxa a fieira com seu jeito
Não se atrapalhe comigo
Encosta a barriga e o peito

Sinhá Dona Filomena
Não me provoque assim
A barriga sobe logo
Chegue-se, chegue-se a mim

Lá vem o sol nascendo
Redondo como um botão
Quem sente o amor ingente
Tem sempre consolação


CORDAO CARNAVALESCO

Ô abre-ala
Que eu quero passá!
Eu vim de longe
Não posso negá

Ô abre-ala
Que eu quero passá!
Minha morena
Vou contigo estar

***
Sou do mar ê ê
Sou do mar ê a
Arreda, rapaziada
Meu cordão vai passá!
Sou do mar ê ê
Sou do mar ê a
Eu vim de muito longe
Eu não posso negá!
Sou do mar ê ê
Sou domar ê a
Lá vem mulata a bulir!
Eu sou de vatapá!
Sou do mar ê ê
Sou do mar ê a
Arreda, minha morena
Meu cordão vai passá!


A SERTANEJA

Prateia a serra, tudo prateia
O luar branco de minha aldeia
(o luar branco de minha aldeia)

Em minha terra
Quando a lua sobre a serra
A saudade se descerra
Nos confins do coração
A natureza
Fica muda, fica presa
Enlevada na beleza
Do luar do meu sertão!

Pela calada
De uma noite enluarada
O magote da boiada
Fica olhando para o céu
Se o vaqueiro
Vem subindo pelo outeiro
Vem a lua, sorrateiro
Ergue a mão, tira o chapéu

Lá na campina
Quando a lua se reclina
Geme a pomba, a sururina
Canta e geme o pecoá
Nas bananeiras
Cantam as rolas cantadeiras
Lá no topo das palmeiras
Assobiá o sabiá

Em minha aldeia
Quando brilha a lua-cheia
A matuta sapateia
Nos requebros do baião
E ao som do pinho
Da viola e cavaquinho
Tudo baila à luz de linho
Do luar do meu sertão!


O ABACATE

Tem mui preciosas propriedades
Artes possui misteriosa
Para corrigir até da idade
Os descalabros...e outras coisas!
Levanta um morte e se nos vivos
Produz desejos...de morrer
É pra de novo e mais ativos
Breve tornarem-se a erguer!

Assim num moribundo
Que é caso sabido
Já de todo perdido
Não dava uma palavra...
Tal efeito profundo
Fez o abacate
Em suma, em suma
Até que fez
Que o homem em vez durma...
Deu duas?
...deu três palavras, sim senhor!

E qual se a morte
Houvera à pressa erguido vôo
O morto-horror!
Inda ficou... pra mais conversa!

Restaurador por excelência
Dos organismos desfalcados
Ele não é sem competência
Com os tônus mais afamados
A panacéia abençoada
Na sua crème tem sabor
Pode salgada, pode gelada
A prova já nos dá calor


CASA DE CABOCLO

Vancê tá vendo essa casinha
Simplesinha
Toda branca de sapê?
Diz que ela véve no abandono
Não tem dono!
E se tem ninguém não vê

Uma roseira cobre a banda
Da varanda
E num pé de cambucá
Quando o dia se alevanta
Virgem santa!
Fica ainsim de sabiá!

Deixa falá toda essa gente
Maidizente
Bem que tem um moradô!
Sabe quem mora dentro dela?
Zé Gazela!
O maió dos cantadô

Quando gazela viu Siá Rita
Tão bonita
Pôs a mão no coração
Ela pegou, não disse nada
Deu risada!
Ponto os oinho no chão

E se casaro, mas um dia
Que agonia!
Quando em casa ele voltou
Zé Gazela viu Siá Rita
Muita aflita
Tava lá Mané Sinhô!
Tem duas cruz entrelaça
Bem na estrada
Escrevero por detrás:
"Numa casa de cabloco
um é poco
dois é bom, três é demais!"



FOGO-FOGUINHO

Meu amô vive nos ares (seu bem)
Meu amô vive nos ares (seu bem)
Tal e qual um passarinho
Voa aqui, voa acolá!
Voa aqui, voa acolá! (seu bem) tris

Vai andando o seu caminho
Acendendo o fogo, fogo-foguinho
Vai andando o seu caminho
Ascendendo o fogo, fogo-foguinho (tris)

Meu amô nasce das flores (seu bem)
Meu amô nasce das flores (seu bem)
Em figura de um taminho!
Cheira aqui, cheia acolá!
Cheira aqui, cheira acolá! (seu bem) tris

Chiquinha Gonzaga

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nota: Para outros significados de Chiquinha Gonzaga, ver Chiquinha Gonzaga (desambiguação).
A jovem Francisca aos dezoito anos
A jovem Francisca aos dezoito anos

Francisca Edwiges Neves Gonzaga, mais conhecida como Chiquinha Gonzaga, (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1847 - Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1935) foi uma compositora e pianista brasileira.

Foi a primeira chorona, primeira pianista de choro, autora da primeira marcha carnavalesca (Ô Abre Alas, 1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. No Passeio Público, há uma herma em sua homenagem, obra do escultor Honório Peçanha.


Índice

[esconder]

[editar] Biografia

Filha de um general do Exército Imperial e de uma mãe humilde e mulata, Chiquinha Gonzaga foi educada numa família de pretensões aristocráticas (seu padrinho era o Duque de Caxias). Fez seus estudos normais com o Cônego Trindade e musicais com o Maestro Lobo. Desde cedo freqüentava rodas de lundu, umbigada e outras músicas populares típicas dos escravos.

Aos 11 anos, inicia sua carreira de compositora com uma música natalina, Canção dos Pastores.

Aos 16 anos, por imposição da família, casou-se com Jacinto Ribeiro do Amaral, oficial da Marinha Imperial. Não suportando a reclusão do navio onde o marido servia e as ordens para que não se envolvesse com a música, Chiquinha separou-se.

Consegue, finalmente, abandoná-lo, levando consigo os cinco filhos. Após a separação, envolveu-se em 1867 com o engenheiro João Batista, que também se opunha à carreira musical. Separa-se e passa a viver como musicista independente, tocando piano em lojas de instrumentos musicais. Deu aulas de piano para sustentar os filhos e obteve grande sucesso, tornando-se também compositora de polcas, valsas, tangos e cançonetas. Ao mesmo tempo, uniu-se a um grupo de músicos de choro, que incluía ainda o compositor Joaquim Antônio da Silva Calado, apresentando-se em festas.

A necessidade de adaptar o som do piano ao gosto popular valeu a Chiquinha Gonzaga a glória de se tornar a primeira compositora popular do Brasil. O sucesso começou em 1877, com a polca, para o cordão Rosa de Ouro, do bairro carioca do Andaraí.

A partir da repercussão de sua primeira composição impressa, resolveu lançar-se no teatro de variedades e revista. Estreou compondo a trilha da opereta de costumes "A Corte na Roça", de 1885. Em 1911, estréia seu maior sucesso no teatro: a opereta Forrobodó, que chegou a 1500 apresentações seguidas após a estréia - até hoje o maior desempenho de uma peça deste gênero no Brasil. Em 1934, aos 87 anos, escreveu sua última composição, a partitura da peça "Maria". Foi criadora da célebre partitura da opereta "A Jurity", de Viriato Correia.

Viaja pela Europa entre 1902 e 1910, tornando-se especialmente conhecida em Portugal, onde escreve músicas para diversos autores.

Chiquinha participou ainda, ativamente, da campanha abolicionista e da campanha republicana, e foi fundadora da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais.

Ao todo, compôs músicas para 77 peças teatrais, tendo sido autora de cerca de duas mil composições. em gêneros variados: valsas, polcas, tangos, lundus, maxixes, fados, quadrilhas, mazurcas, choros e serenatas.


CHACRINHA

Viva Chacrinha!
Esta é uma homenagem do bacalhau ao seu maior comunicador.

"Chacrinha me domina, Chacrinha me alucina, é hora, é hora, é hora, é Hora da Buzina ..."

linha

Abelardo Barbosa Chacrinha

Velho Guerreiro

Chacrinha foi o maior comunicador do rádio e da televisão brasileira. E do bacalhau também.

É o autor de expressões que se popularizaram por todo o Brasil, como "Quem não se comunica, se trumbica!", "Eu vim para confundir e não para explicar", bordões como "Terezinhaaaaaa...." e da nossa predileta: "Vocês querem bacalhau?". E jogava o bacalhau para a platéia, ou o pepino, ou o abacaxi, não importava.
Chacrinha era festa, alegria, o máximo. Seus programas eram cheios de calor humano e divertidíssimos. O povo o amava e não se esquece do Velho Guerreiro "balançando a pança e comandando a massa"(Gilberto Gil - Aquele Abraço).

José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha, nasceu em 20/01/1916, em Pernambuco. Trabalhou quase 50 anos, inicialmente no rádio e depois na televisão, se consagrando como o primeiro comunicador do Brasil. O palhaço do povo, como ele mesmo se definia.

Chacrinha na TV TupiSeus programas de calouros e de divulgação da MPB, como a Discoteca do Chacrinha, a Buzina do Chacrinha e o Cassino do Chacrinha foram sucesso em todas as emissoras nas quais Chacrinha trabalhou: TV Tupi, TV Rio, TV Bandeirantes e TV Globo.

Começou na Rádio Clube de Niterói, que ficava numa chácara em Icaraí. O estilo irreverente do comunicador, que recebia seu público de cuecas e com um lenço na cabeça em uma chácara, acabou por lhe legar o apelido de Chacrinha.

Estreou na TV Tupi em 1956, vestido de xerife, apresentando o "Rancho Alegre", e logo depois se transferiu para a TV Rio. Por muitos anos foi patrocinado pelas Casas da Banha: daí as brincadeiras com o bacalhau e com os produtos alimentícios.

A "Buzina do Chacrinha" foi criada por ele em 1968, na TV Globo, quando comandava os programas de calouros aos domingos. Às quartas-feiras era o dia da "Discoteca do Chacrinha", programa que lançou muitos ídolos da MPB e que tinha como atração as chacretes, que se transformaram em verdadeiras musas da televisão na década de 70.

Durante três décadas foi líder de audiência. Em 1987, recebeu o título de professor honoris causa da Faculdade de Cidade; neste mesmo ano, foi homenageado pela Escola de Samba Império Serrano com o tema Com a boca no mundo, quem não se comunica....

Foi casado com dona Florinda Barbosa por 41 anos e teve 3 filhos: José Amélio, Jorge Abelardo e Zé Renato. Faleceu em 30 de julho de 1988, deixando uma imensa saudade em todos que tivemos o prazer de viver sua alegria.

Viva Chacrinha!

Uma sugestão para quem quer conhecer melhor sua biografia:
pesquisar nos arquivos do Museu da Imagem e do Som - Rio, e ler o livro "Quem não se comunica se trumbica", de Lúcia Rito e Florinda Barbosa, Editora Globo, 1996.

http://www.youtube.com/watch?v=LmNGGGNavD4

Foto: Divulgação
Divulgação
Hélio Vernier, sósia de Chacrinha, interpreta o "velho guerreiro" no especial "Por todo minha vida". (Foto: Divulgação)

Quem é afinal a "Terezinha"? De onde veio a idéia de tocar uma buzina ensurdecedora no palco? Como se comportava na vida particular o pernambucano debochado José Abelardo Barbosa de Medeiras? Estas e outras perguntas serão respondidas na noite desta quinta-feira (24) no especial "Por toda a minha vida", da Rede Globo, que irá homenagear o apresentador Chacrinha.

Assista a vídeos do Velho Guerreiro: de Sidney Magal aos Titãs, Chacrinha primava pela democracia musical

Visite a página do "Por toda a minha vida"


Normalmente dedicada a contar a trajetória dos grandes nomes da música nacional, a atração abriu uma exceção para homenagear o "velho guerreiro", morto há 20 anos. "O Chacrinha não foi um cantor. Mas o palco de seu 'cassino' abriu espaço para diversos nomes da cena pop nacional", explica George Moura, roteirista do "Por toda a minha vida".

Alguns desses nomes darão depoimentos no programa. Caso dos cantores Elba Ramalho, Sidney Magal, Alceu Valença e Lulu Santos - todos habitués do palco do "Cassino do Chacrinha". "O Lulu deu a melhor definição para a importância do que o Chacrinha fez pela televisão brasileira: ele estabeleceu a desordem", diz Moura.

Cúmplices pontuais dessa "desordem" que um dos maiores comunicadores populares do país promovia na TV também contarão suas histórias. A jurada Elke Maravilha, as ex-chacretes Marlene Morbeck e Rita Cadilac e o assistente de palco Russo estão entre eles. "Chacrinha foi um mago. Ele via um talento, botava na palma da mão e a pessoa florescia", opina Elke.

Mas não é só a farra do "Cassino do Chacrinha", que ficou no ar por seis anos embalando as tardes de sábado do espectador nos anos 80, será contada no programa-biografia, garante o roteirista do "Por toda minha vida". "O Chacrinha estudou medicina, foi baterista de um conjunto musical na Europa... É muita coisa que a geração de hoje nem imagina", conta Moura.

Chacrinha até em cima do telhado

O escolhido para reconstituir os anos dourados de Chacrinha no especial foi o motorista de ambulância aposentado Hélio Vernier, de 73 anos. Atualmente ele engorda a conta bancária como sósia do "velho guerreiro". "Animo festas de firmas, churrascadas, concursos e tudo que é agito que me convidarem. Mas agora que a Globo me deu essa colher de chá, quem sabe não viro ator?", sonha Vernier.

Morador de São Caetano, região do ABC paulista, Vernier diz que tem orgulho de ser um "clone" do Chacrinha. "No meu bairro, se você perguntar pelo Helinho, ninguém vai saber quem é. Mas se você disser que está procurando o Chacrinha, o pessoal me acha até em cima do telhado", brinca.

Para viver o personagem, Vernier conta que teve aulas de interpretação, assistiu várias performances de Chacrinha e teve a consultoria de um fonoaudiólogo para encontrar o tom de voz do apresentador. "Ele era um gênio. Adoro ter essa semelhança física, quem não gostaria de ser parecido com o Chacrinha?", questiona.



Braguinha [João de Barro]

Braguinha

Foto: Mário Luiz Thompson

Filho do gerente da fábrica de tecidos Confiança, Carlos Alberto Ferreira Braga começou a cantar numa época em que os moços de família não podiam viver de música. Primeiro no grupo amador A Flor do Tempo com os colegas de bairro (Alvinho, Almirante e Henrique Brito) e a seguir, já profissionalizado, ao lado de certo Noel de Medeiros Rosa, no Bando dos Tangarás, em que todos adotaram convenientes apelidos ornitológicos. O de Braguinha, João de Barro, pegou nas primeiras gravações como intérprete, em 1931 (Cor de Prata, Minha Cabrocha, de Lamartine Babo) e foi usado durante muito tempo pelo compositor de sucessos como os inaugurais Trem Blindado e Moreninha da Praia, no carnaval de 1933.

A partir daí, mesmo sem conhecimentos formais de música, compondo na base do assovio, ele se transformou num campeão da folia, especializado em marchinhas, como Linda Lourinha, Uma Andorinha Não Faz Verão, Linda Mimi, Dama das Camélias, Cadê Mimi, Balancê (que redobraria o sucesso na regravação de Gal Costa, quarenta e dois anos depois), Andaluzia (recriada por Maria Bethânia), Pirata da Perna de Pau, China Pau, Chiquita Bacana (que projetou Emilinha Borba), A Mulata É a Tal, Tem Gato na Tuba, Adolfito Mata-Mouros (sátira a Hitler) e o misto de paso doble Touradas em Madri, cantado por um Maracanã em festa na goleada do Brasil sobre a Espanha, na fatídica Copa de 50.

Participou como diretor e roteirista de filmes como Estudantes (1935), Alô, Alô, Carnaval (1936), Banana da Terra (1938) e Laranja da Terra (1940). Nessa época, começou a trabalhar como diretor artístico da gravadora Continental, onde projetou nomes como Radamés Gnattali, Tom Jobim (sua Sinfonia do Rio de Janeiro, parceria com Billy Blanco foi gravada duas vezes), Lúcio Alves, Dick Farney, Doris Monteiro, Tito Madi, Nora Ney, Jorge Goulart e Jamelão. Em 1937, a cantora Heloísa Helena pediu-lhe uma letra para um choro-canção instrumental de Pixinguinha e nasceu o hino Carinhoso. Da mesma forma que modificou Linda Pequena de Noel Rosa para As Pastorinhas, que se tornaria um clássico póstumo do poeta da Vila, Braguinha (com parceiros como o médico Alberto Ribeiro) cunhou o manifesto pré-tropicalista Yes, Nós Temos Bananas (resposta ao fox americano Yes, We Have No Bananas).

Fez ainda tanto o samba-canção de inspiração rural (Mané Fogueteiro, emblemático na voz de Augusto Calheiros, a Patativa do Norte) quanto urbano-modernista como Laura e Copacabana, cuja gravação, de Dick Farney, em 1946, com arranjo de cordas de Radamés Gnattali, seria considerada precursora da bossa nova. Apimentando suas composições à medida que mudavam os costumes (Vai com Jeito, Garota de Saint-Tropez, Garota de Minissaia), ele também arquitetou com delicadeza a mais impressionante coleção de discos infantis, aclimatando para o Brasil histórias da Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Alice no País das Maravilhas, além de recuperar inúmeras cantigas de roda. Nonagenário com espírito de criança, Braguinha é um retrato cantado da alma jovial do Rio de Janeiro dos melhores tempos.

Tárik de Souza
A História da Música Brasileira Por Seus Autores e Intérpretes
SESC/TV Cultura

Escute uma amostra do trabalho:
Tem gato na tuba
(João de Barro)
Com João de Barro

Atenção: para ouvir a amostra você precisa do RealPlayer (gratuito) instalado em seu computador. Pegue-o na seção de informática do Terra, clicando aqui.


CDs Recomendados pelo MPBNet:
A Música Brasileira Deste Século por seus Autores e Intérpretes

Braguinha: 100 Anos de Alegria
Coleção Disquinho 2005 Vol. 1
Coleção Disquinho 2005 Vol. 2
Coleção Disquinho 2005 Vol. 3
Coleção Disquinho 2005 Vol. 4
Coleção Disquinho 2005 Vol. 5
Nova Série: Disquinho Vol. 1
Nova Série: Disquinho Vol. 2

Clique nos CDs para comprá-los


Livros recomendados pelo MPBNet:
Tem Gato na Tuba
A História da Baratinha
Braguinha Songbook
Braguinha (João de Barro)

Clique nos livros par comprá-los

Página Oficial:
http://braguinha.ag.com.br

Outras Páginas:
http://www.cliquemusic.com.br

http://www.dicionariompb.com.br


Nenhum comentário: