quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

ENTREVISTA DIONISIO NETO

Blog do Repique
09.12.08
'Novela é o RPG do inconsciente coletivo' diz ator
Categorias: Lançamento, Teatro, Livro, Fique de Olho, Entrevista, Performance
O bate papo que virou entrevista. Dionísio Neto – o nome não poderia ser outro para esse autor, diretor e ator de teatro e também de cinema e recentemente de novela - fez o Tito, uma participação em A Favorita, de barba cheia e com cara de mau. Essa trajetória toda culmina com Dionísio inaugurando sua própria sala de teatro em São Paulo, enquanto ensaia novo espetáculo, uma chanchada repaginada para o século XXI.Do underground para a Globo ele comenta: “Brasileiro assiste novela. Desde minha parentada no Maranhão até os porteiros do meu prédio e taxistas do bairro, para eles, antes eu era alguém, coitado, que estava tentando ser ator, apesar dos meus quase 20 anos de profissão. No Brasil ator é quem faz novela. Ponto.” O Repique conversou com o moço para saber mais:Dionísio, por que ter um espaço de teatro próprio?Minha companhia de teatro, a Satélite, existe há 12 anos. Durante todo esse tempo sempre fomos ciganos. Ensaiamos em cozinhas, conventos, faculdades, clubes... Há doze anos isso era divertido, mas com o crescimento dela ficou impossível não ter uma sede própria. Muito do nosso acervo se perdeu. No nosso mais recente espetáculo –‘Desconhecidos’ - ensaiávamos em um convento e ficávamos com medo de o frei entrar e parar o ensaio. Enfim, era desumano. Por isso a necessidade da sede própria, que ainda é alugada, mas em breve será própria mesmo.Mas São Paulo não tem salas de teatro suficiente?Tem, mas faltam espaços para espetáculos que queiram ficar em cartaz por mais de três meses. Na nossa sede poderemos ficar anos em cartaz.Conta um pouco como será a Sede Satélite.A Sede Satélite abriga um cabaré - O Inflamável, que tem um bar, porque só com o dinheiro da bilheteria não vai dar para pagar os custos. Atrás do palco há a Sala Perpétua que é para ensaios e apresentações intimistas. Não há no Brasil um cabaré barroco moderno como o nosso. Isso é fato. É um café teatro com a capacidade para 90 pessoas, bem intimista. Muitos artistas já manifestaram o desejo de tocar lá. Chico César foi o primeiro. E muitos outros virão. Onde fica?Ficamos perto da Praça Roosevelt, do Mackenzie, Tusp e SESC Consolação, enfim, a off-Broadway paulistana. E qual vai ser o 1º espetáculo a entrar em cartaz? Chama Olerê-Olará. O nome é uma alusão ao grito do samba. É um show de variedades com vedetes, drags e música ao vivo. São cinco divas que monologam sobre o amor, a paz, a feminilidade e a alegria de viver, regadas a samba e muito humor. É um samba-cabaré inspirado em chanchadas e no teatro de revista, com coreografias, figurinos espetaculares, mas não é uma revista nos moldes antigos, porque antigamente, antes da TV, as revistas eram mega-produções com 100 artistas em cena. Nós somos 12. É mais humilde, mas não menos alegre e divertido. É entretenimento puro, meu espetáculo mais popular sem dúvida. Com estrutura de quadros?São vários quadros, um deles é o da Imprensa, onde há três jornalistas - a Malvina Young, a Imparcialina e a Benedita Woldvogel e elas comentam noticias das mais diversas fontes, desde tragédias da natureza até fofocas de celebridades. É hilário. Falando em fofoca de celebridades, por que você acha que o público se interessa tanto pela vida privada dessa gente? É tipo uma terapia coletiva. O público elege ícones para no fundo falar de si próprio. É natural que seja assim.E a novela das oito? Curtiu sua participação?Foi um chamado fantástico que tive da Rede Globo. Um convite do Ricardo Waddington, que quis me contratar. Nem fiz teste nem nada. Ele já conhecia meu trabalho no cinema. Foi uma participação de um mês. Já acabou. Meu personagem existia só para colocar o personagem da Giulia (Gam) de volta na trama. Mas foi marcante. Pelo menos nas ruas as pessoas não param de me perguntar quando eu voltarei a Favorita. Ao que parece não voltarei mais, pois meu contrato era só de dois meses. Você curtiu fazer novela? Ainda mais na Globo...Amei fazer novela, me achei muito ali. É bem diferente. É um tipo de RPG do inconsciente coletivo do povo brasileiro. O maior barato. Fique de olho: a Sede Satélite inaugura em janeiro (Rua Maria Borba ,87 – Consolação – São Paulo). E o espetáculo Olerê-Olará entra em cartaz em março/2009. (www.companhiasatelite.blogspot.com)

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